Anais XXV Encontro Socine, 2023
Tempos de pandemia são propícios para rupturas e profundas reestruturações políticas, culturais e econômicas. O processo disruptivo de transformação no setor audiovisual foi acelerado após a pandemia de Covid-19, provocando um rearranjo na cadeia de distribuição, exibição e circulação, reestruturando todo o design dos festivais de cinema, outrora considerados o ponto de partida de toda essa indústria. O processo de plataformização mudou permanentemente o modelo tradicional de distribuição audiovisual, staffing e curadoria de festivais – que passam por uma operação de hibridização que permite o uso potencial de recursos interativos e entrega online de filmes, peças e performances para públicos em todo o mundo. Diferentes estratégias narrativas na produção contemporânea utilizando múltiplas plataformas em processos criativos estão inovando o modelo de storytelling e influenciando a programação e produção de festivais de cinema. Ao redesenhar o modelo tradicional de produção e distribuição audiovisual, é dissolvida a fronteiras entre diferentes gêneros e formatos antes restritos às salas de cinema. Com o surgimento de formatos híbridos, que englobam espaços online e físicos, é aberta possibilidade de exibição lado a lado de obras antes categorizadas como filmes, teatro ou áudio. Muitos festivais de cinema já estão adicionando séries, shows, obras em realidade virtual e outras mídias como parte de suas principais atrações. Esse novo formato de festivais, aliado à pressão de grandes distribuidores e mudanças na identidade do setor audiovisual, cria também a possibilidade de ampliação dos espaços para exibição de produções de menor orçamento.